sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

LA PAZ - ANO NOVO - HORA DE SE MANDAR - 31 DE DEZEMBRO

Ontem, à noite, após toda a confusão ocorrida durante o dia, a vida começava a voltar ao normal, táxis e ônibus circulavam pelas ruas, parecia que nada havia ocorrido.
A oposição ao gasolinazo já avisou que marchara na segunda-feira em La Paz, com o apoio de manifestantes de outros departamentos. Confusão a vista.
Gostaria de ficar, mas o nosso passeio é outro. Com essa história já contribuí.
Amanhã é dia de partir para o Peru.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

LA PAZ - MANIFESTAÇÃO CONTRA AUMENTO DOS COMBUSTÍVEIS - 30 DE DEZEMBRO

Como não havia transportes para me levar ao passeio que havia programado para hoje, aproveitei a tarde para acompanhar a manifestação contra o "Gasolinazo" (aumento dos combustíveis) decretado por Evo Morales.
Foi uma tarde memorável, ver a população marchando contra o governo pedindo a sua renúncia e o cancelamento do decreto. Tudo corria tranquilamente até marcharmos para a praça onde se encontra o palácio de governo. A polícia fechou todas as entradas para a praça, mas nós (incluo-me entre os manifestantes, pois os acompanhava filmando tudo) fomos contornando procurando um espaço para acessarmos a praça.
Num certo momento a polícia avançou sobre nós e corremos. Recuamos, mas não desisitimos. Avançamos e a polícia recuou. Nos mirámos e pedras começaram a voar sobre a policia, eu filmando tudo, escondido atrás de uma barraca. A polícia reagiu com gás lacrimogêneo e eu llá filmando tudo, enquanto os demais corriam. Não demorou para sentir os efeitos do gás: os olhos e a garganta ardiam, na verdade os olhos queimavam. Me afastei e alguns fui socorrido por outras pessoas. pediram que eu fumasse um pouco e tomasse água. Isso não foi suficiente para eu desistir, continuei a filmar.
A polícia conseguiu separar os manifestantes, mas pequenos grupos continuavam a protestar e  eu os acompanhava. Novamente mais gás sobre nós. Quando já havia desistido, na avenida principal de La Paz outros manifestantes enfrentavam a polícia, continuei firme a acompanhar a manifestação, desta vez entre uns 30 a 40 metros de distância. Novamente o gás lacrimogêneo entrou em ação. Meus olhos e gargantas novamente ardiam.
Enquanto esperava melhorar fiquei a conversar com um arquiteto de Copacabana (cidade boliviana) que me explicou melhor a merda que é o governo de Evo Morales.
Muitos dirão que eu não tenho cabeça e lá não deveria estar, são opiniões. Mesmo com o efeito do gás estava feliz. Não estou discutindo se o governo Evo Morales é bom ou não. Mas ver uma população em todas as suas divisões, se manifestando pacificamente contra aquilo que acha incorreto é fantástico, isso para mim é democracia. Encantei-me com este povo que luta, diferentemente dos brasileiros que aceitam todas as incorreções dos governos e vê com maus olhos aqueles que protestam.


Se essa viagem terminasse agora, já estaria feliz. se pudesse ficaria por aqui para acompanhar os próximos protestos.

LA PAZ 30 DE DEZEMBRO

Chegamos ontem a La Paz onde passaremos o Ano-Novo. A temperatura estava por volta dos 8 graus.
Hoje iríamos até Tihuanaco, um sítio de relíquias históricas pré-incas, mas a Bolívia está em convulsão pelo aumento dos combustíveis em 100 por cento. Hoje é dia de greve geral, então não poderemos sair de La paz.
Se houver passeatas e manifestações espero poder participar.

FOTOS SALAR DE UYUNI



Um deserto de sal a perder de vista. As imagens falam melhor que as palavras.

FOTOS SALAR DE UYUNI - ISLA PESCADOR [ILHA DOS CACTOS]


No meio de um deserto de sal, uma ilha rochosa onde só nascem cactos. Um cacto cresce um centímentro por ano.

FOTOS SALAR DE UYUNI - CEMITÉRIO DE TRENS


Trens franceses do século XIX, movidos a carvão e lenha abandonados em Uyuni.

FOTOS DO ALTIPLANO ENTRE POTOSI E UYUNI


A viagem foi cansativa, mas as imagens dessa região são belíssimas.

TREM PORTO QUIJARRO - SANTA CRUZ

São duas e meia da madrugada de terça-feira, dia 27 de dezembro, nosso sexto dia de viagem e o sono não quer realizar-se. A insônia tomou conta de mim. É um dos poucos momentos em que me preocupei em saber o horário, excetuando-se quando tínhamos que embarcar num ônibus ou sair do hotel (bem que esta é apenas a terceira noite que estamos num hotel, foram três noites dormindo em trem ou ônibus.
Estamos em Uyuni, no sul da Bolívia, próximo ao Chile e da Argentina (alcançaríamos a fronteira com uma noite de viagem) e logo mais faremos um dos últimos passeios com todos juntos. Um grupo (eu, Felipe e Roberto) fará apenas um dia de viagem ao Salar e embarcará para La Paz na mesma noite (mais uma noite dormindo no ônibus), o outro (Rodrigo, Erica, Edmir, Fernanda e André) fará o passeio em três dias e embarcará para La Paz no dia 30.  Nos reencontraremos para passar o ano-novo juntos, mas nos separamos no dia seguinte novamente.
Nesses sete dias de viagens, passamos por muitas cidades (Campo Grande, Corumbá, Porto Quijarro, Santa Cruz, Sucre, Potosí e Yuni), numa velocidade muito grande o que possibilitou apenas impressões sobre os lugares. Essa velocidade e a falta de uma Internet acessível em todos os lugares impediram de concretizar dia-a-dia a postagens de informações e imagens da viagem. Talvez em La Paz isso se realize.
 Até o momento só consegui falar de Porto Quijarro, que me pareceu uma terra sem lei e sem nada, conseqüência da divisa com o Brasil. De lá embarcamos no trem para Santa Cruz, dezessete horas de viagem que chacoalharam com muito sono e alegria em todos, pois todos tinham na memória a imagem desse trem em particular (hoje se novamente tivéssemos que encarar 17 horas após uma semana e milhares de quilômetros rodados, faríamos a viagem com o mesmo bom humor?).
Embarcamos no Expresso Oriente ou Oriental (não tenho mais essa lembrança) num vagão Super Pulmman, com ar condicionado e começamos a perceber que na Bolívia não se deve acreditar muito naquilo que foi dito no momento da compra. (pausa para o sono).
(6h e todos no quarto já estão acordados, ninguém conseguiu dormir direito essa noite) (O teclado também resolveu começar a travar) Os bancos não eram tão confortáveis quanto esperávamos, mas possibilitaram algumas horas de sono e descanso para corpos tão cansados. A diversão durante a viagem era andar entre os vagões, ora batendo papo, ora indo ao vagão restaurante para também bater papo (ali é possível encontrar polo broasted (frango frito) com arroz e papa (batata frita)). Também nos divertíamos com as paradas do trem, pois apareciam bolivianos vendendo polo frito com arroz e banana cozida, sucos de limão ou tamarindo e pães, tudo muito barato comprado pelas pessoas em geral. Nos arriscamos (eu e o Roberto) apenas no pão.
Após 17h chegamos em Santa Cruz de La Sierra, segundo alguns a cidade mais “capitalista” da Bolívia.

POTOSÍ - UYUNI

            Chegamos a Uyuni após 5h30 de viagem, vindo de Potossí.
            A Bolívia entrou um processo de greve geral nessa segunda-feira em que nos encontrávamos em Potossí. Eu fiquei no hotel enquanto os demais foram ver os passeios que realizaríamos, mas logo voltaram com a notícia de que estava ocorrendo um “gazolinazo”, um protesto contra o aumento dos combustíveis majorados em 100% por decreto presidencial, e nenhuma empresa sairia da cidade. Discutimos a possibilidade de ficar onde estávamos ou procurar uma solução para sairmos donde estávamos. Dividimo-nos em dois grupos: um iria realizar algumas compras e outro iria a rodoviária procurar por passagens para outra cidade ou departamento (no Brasil, diríamos estado). Este último foi o primeiro a chegar com a notícia de que a rodoviária estava fechada em protesto pelo aumento de combustíveis. Conversamos sobre outras possibilidades e se decidimos procurar por novas alternativas.
              No hotel onde nos encontrávamos havia um grupo de estrangeiros que se deslocavam por condução própria. O André foi conversar com um deles que pediu que procurássemos pelo líder do grupo. Novamente saíram pela cidade a procura de soluções. Eu continuava no hotel como referência aos dois grupos. Logo depois chegou o grupo das compras a quem informei sobre a situação. Tínhamos duas opções: uma, ficarmos em Potosi até haver ônibus que nos transportássemos ou o outro grupo encontrar alguém que nos tirasse de lá. Como já estava para encerrar a diária do hotel, quem ali se encontrava aproveitou para arrumar suas coisas. Logo estávamos todos reunidos, pois o outro grupo já regressara com nenhuma notícia animadora, nenhum ônibus sairia aquele momento da cidade. Fora dito a eles que talvez ao final da tarde a situação pudesse começar a normalizar-se. Optamos por fechar nossa conta e deixar as malas guardadas no hotel e esperar o que aconteceria no período da tarde.
            Durante a busca de possibilidades da manhã o André conhecera uma senhora que tinha um ônibus e precisava sair de Potossí e ir para Uyuni e deixara um telefone para ele ligar. Ligamos e ela pediu que retornássemos após 5 minutos. Esperamos e retornamos. Ela informou que conseguiria sair e que deveríamos nos dirigir rapidamente para o local de saída do ônibus. Voltei para o hotel e avisei a todos que deveríamos partir já. Corremos ao depósitos onde se encontravam nossas bagagens e saímos em disparada, ladeira abaixo até ao ponto onde o ônibus se encontrava. Quando chegamos e encontramos a pessoa que era nosso contato, esta informou que havia lugar somente para cinco pessoas e nós somos oito. Três teriam que ir em pé ou sentado no corredor. Ela nos indicou o local em que o ônibus se encontrava e para lá fomos. Quando no ônibus nem os cinco lugares restavam, teríamos que ir todos no corredor em pé ou sentados. Não havia no momento outra opção de sairmos de Potosi então decidimos por irmos no corredor mesmo. Mas não fomos somente nos no corredor haviam mais pessoas, e como não era um ônibus, mas um micro-ônibus o corredor é um pouco mais estreito. 
Viajar pelos corredores na Bolívia é algum comum, já havíamos presenciado isso na viagem de Santa Cruz a Potosi, só não esperávamos vivenciá-la. Na minha conta éramos 10 no corredor. Nos ajeitamos e seguimos viagem. Tínhamos turistas de diversas nacionalidades, além de bolivianos que também precisavam se deslocar para outras cidades. Logo que saímos de Potosi a estrada entra num deserto de altas montanhas onde só vemos areia e pedra pela viagem inteira.

CONTINUA ...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FOTOS SANTA CRUZ II

POTOSÍ - 26 DEZEMBRO

Chegamos as 17h. foram 24 horas de viagem, pois o ônibus quebrou.
São 4.067 metros acima do mar.
A centro da cidade é muito bonito com suas  construções centenárias, mas o frio. Quando chegamos 14 graus, Hoje de manhã 11 graus.
Meu ouvido não sentiu a altitude, mas o clima seco atingiu minha sinusite.

domingo, 26 de dezembro de 2010

CRÔNICAS RODRIGUEANAS III

24 – XII - 2010 d. C. (nosso primeiro natal em outro país)
Santa Cruz de La Sierra

Uma cidade sem bares em forma de caracol.
No centro da cidade não encontramos nenhum barzinho, mas muitas casas de câmbio. Nas proximidades de uma das casas, encontramos dois amigos brasileiros que fizemos no trem, Iago e Jangol que resolveram seguir destino diferente ao nosso. Não encontramos mais nenhum turista em Santa Cruz.
No início da tarde procuramos como referencia a Plaza Del Estudante, com bares e restaurantes pela proximidade. Tudo era muito caro, encontramos cerveja long nack por 10 dólares até garrafas de 600 ml por 20 bolivianos. Até mesmo no super mercado  encontramos produtos caros e cervejas quentes. Em nossos debates chegamos a conclusão que não faz parte da cultura boliviana tomar uma cerveja em um barzinho. Encontramos perto de la Plaza um barzinho copo sujo, coisa de atravessar a rua da praça, tudo mudou drasticamente, as pessoas eram mais simples, a música, o ambiente dos estabelecimentos comerciais (a cerveja estava sendo vendida por 11 bolivianos). Também chegamos na conclusão que são mais machistas que os brasileiros. A Fernanda ao pedir uma cerveja em um dos bares recebeu como resposta: “Não vamos vender mais cerveja para vocês, pois alguns estão bebendo de pé na porta do bar”. Em seguida o André foi pedir a cerveja e foi muito bem atendido e retornou a nossa mesa com a cerveja.
Vou instigar os leitores um pouquito, no barzinho copo sujo o Roberto aprontou uma nova cagada (das grandes), quase apanhamos. Não vou realizar o relato do acontecido nesse momento, retornarei ao trem da morte e do amanhecer de um novo dia.
Lá pelas 3 horas da madrugada o trem da  morte realizou mais uma parada em uma pequena vila. Alguns se levantaram para conhecer o território, já outros continuaram a dormir. Crianças subiram no trem e gritavam: “Poio frito, poio frito”. O Ed não acordou e como em seu vagão a temperatura estava muito baixa por causa do ar condicionado, este estava todo coberto com roupas e com o saco de dormir, não dava nem para ver que era um ser humano por baixo de tanto pano. Uma das crianças que adentrou em seu vagão, logo foi apoiando uma bandeja de poio sobre sua cabeça. Até que o Ed acordou assustado e a menina mais ainda, um ser que surgiu do meio das roupas, rs.
Retornamos a cochilar e acordamos lá pelas 5 horas. Do lado direito do trem ainda víamos o torpor da lua cheia e ao lado esquerdo víamos os raios do sol começando a queimar o areal com uma vegetação que já transita do pantanal, com a vegetação de altitude, com vários caquitos.  Nosso coração se alegrou com os contrários.
Fomos até o vagão da cozinha para tomar um café para despertarmos.
Chegamos a estação de Santa Cruz por volta das 9 horas. Em meio a multidão pegamos nossa bagagem no vagão de carga.
Conseguimos um táxi por 20 pesos até um ótimo hotel de 3 estrelas (Hotel Libertador). Nossa diária ficou combinada para algo em torno de 35 reais. O hotel é ótimo, tem até elevador, rs, as camas são muito confortáveis, nos dividimos em 2 para cada quarto.
Alguns não se aguentaram e foram tomar um banho (de verdade) outros não se agüentaram de fome e foram comer um café da manha por 15 bolivianos (a vontade), comemos bem para não precisar almoçar. Enchemos o bucho ate dizer chega e jogamos papo para o ar ate dizer chega (foi ótimo).
Tomamos um banho magnífico depois de vários dias, as roupas já estavam grudando em nossos corpos.  
Saímos para cambiar, conseguimos trocar o real por 6,67 bolivianos (bom valor), só aduirimos bolivianos necessarios ate a nossa chegada no Peru, resolvemos não trocar nossos travel cheques, pois estavam cobrando muitos custos (encargos).
Caminhamos ate a praca central onde encontramos uma exposição muito bonita no centro cultural. Em seguida passamos pela feira de artesanato, com trabalhos muito interessantes, mas naoa adquirimos nada pois sabemos que quanto mais ao norte as mercadorias baixam seu preço. Passamos pela catdral e pela Igreja São Francisco. Descobrimos uma feira chamada Del Pozo, esta parece muito com a 25 de marco de Sampa, so que muito mais desorgaanizada, com barracas pelas ruas e calcadas, todo tipo de mercadoria estava sendo vendida, inclusive dinheiro falso em uma bacia. Adoramos, tiramos muitas fotos e fizemos muitas filmagens de tudo. Não encontramos lãs tendas Del intorpecentes e nem de armas, rs.
Caminhamos muito pela cidade e percebemos as diferenças entre as classes sociais de um bairro para outro.
O Ed fez a observação que aqui não ouvem musicas americanas como no Brasil, nos ônibus, trem, ruas, em todo lugar só ouvimos cumbia. Demostrando como ainda não se encontram tão alienados com a industria cultural. Não vemos muitas lojas, marcas e fast foods.
Conhecemos um cacino eletrônico, tinham dois guardas em sua porte, muito bem armados. As pessoas que estavam jogando, tomavam café e coca cola, tinham os olhos fundos e um movimento frenético de apertar os botões das maquinas. Muito triste...
Voltemos a chamada realizada no inicio desse, a da cagada do Robertito. Depois de cada um tomar umas 3 cervejas (Pacena) no barzinho que encontramos, começamos a dançar forro, e gritar: “Viva la Bolivia”. Todos do bar gritavam conosco e faziam brindes. Gritávamos : “fodam-se os Argentinos, bando de pelo tudo”. Ai mesmo que todos vibraram conosco.
Em meio a agitação, o Roberto arranjou um pedaço de papelão es escreveu: “Vendo Coca”.
Pra que?
Um senho de uns 197 Kg se levantou muito bravo e começou a gritar: “Aqui não temos Coca”.
Com furria gritava e veio em nossa direção.
Todos pensaram; “Deu merda”.
O  Roberto com toda humildade (para não dizer cagaco) (parecia ate uma arvore de natal de tanto que piscava) juntos as palmas das maos e comecou a falar: “Paz, paz, paz”, rs.
No meio da confusão, fazer o que? Pagamos a conta e procuramos outro barzinho.
Encontramos um fast food de Pólo, comemos cada, um quarto de frango, deu para dar um bom sustento. Retornamos ao hotel onde tomamos novo banho, o calor estava de arrebentar. Descancamos um pouco. Inicio uma chuva forte, mas memso assim Eu, o Ed, a Erica, O Roberto e o Marcelo, decidimos ir ate a Catedral para assistirmos a missa de natal. Deram a informação errada para nos ao invés da missa iniciar as 23 horas já tinha ocorrido as 20 horas. A praça estava com poucas pessoase a chuva umentava, resolvemos retornar ao hotel. O Roberto observou uma situação muito triste, um menino estava dormindo de cócoras em frente de uma loja fechada. Noite de natal e o menino ali. Não tínhamos nada materialmente a fazer. Mentalizamos Deus, e pedimos para que algum anjo o guiasse. Cada um foi para seu respectivo quarto com a imagem do menino em mente.
Temos tanto a agradecer quando nos deparamos com situações tão tristes como as que estamos vivendo no dia a dia aqui na Bolívia.
Todos estão com muita saudade das famílias... estamos gratos por tudo o que nos proporcionarma durante nossa formação, estamos cada vez mais gratos pelo que temos de material e da formação que puderam nos proporcionar. Obrigado, Obrigado, obrigado.
Feliz natal.

sábado, 25 de dezembro de 2010

SANTA CRUZ - 25 DE DEZEMBRO - NATIVIDAD


Viagens longas e com pessoas diferentes entre si permite que exercitemos o tempo e pratiquemos o ato de paciência e tolerância com o outro. Cada um cria um mundo para si e quando em contato com o outro diferente àquele criado anteriormente, ou apenas não o percebe, ou, por percebê-lo, passa a perceber a si próprio de modo diferente.

Estar no Brasil e ouvir sobre a Bolívia e pensar em muita pobreza, guaranis e coca.

A pobreza que está presente em todos os momentos, mas se alguém não quiser vê-la, até aqui em Santa Cruz, basta apenas chegar de avião e não sair dos muros dos quadrantes centrais e dos bairros de avenidas largas, praças cuidadas e calçadas limpas. Mas se você escolher outro caminho, como nós que entramos por Porto Quajirro, embarcamos num trem para Santa Cruz, esse mundo não escapara aos seus olhos.
Porto Quajirro trouxe-me a memória a Baixada Fluminense. Um calor escaldante numa planície a perder de vista, com ruas retas que não têm fim. Ora asfalto, ora areia para uma frota de Toyotas em que muitos já perderam a possibilidade de uso. Andar pelas ruas a esperar pelo momento do trem e a procura de algo para comer nos fez conhecer um pouco da cidade. Para alguns a experiência pode não ser tão agradável.
É interessante ser notado como um turista, o que remete a compreensão de haja "plata para cambiar" a todo momento, ledo engano.

FOTOS SANTA CRUZ III

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CRÔNICAS RODRIGUEANAS II

23 – XII - 2010 d. C.
Campo Grande Corumbá  Porto Quijarro (trem da morte) (de morte não tem nada)

Ao chegarmos à rodoviária de Corumba, atrasamos nosso relógio em mais uma hora, resolvemos nos dividir para tomar um banho gelado por um real. O banheiro era muito sujo, por isso muitos desanimaram de tomar o banho. As portas do banheiro não tinham trincos, o que gerou certo constrangimento aos que estavam fazendo o numero 2, pois receberam a surpresa de algum usuário querendo usar o vaso (meu toroso foi cortado na metade e por causa do susto não consegui terminar de obrar ate agora).
Descobrimos que existiam duas opções para chegarmos a fronteira (20 quilômetros), uma indo por R$ 2,50 de ônibus fazendo baldeação em outro ônibus no centro de Corumbá e a outra, a que preferimos, de táxi por R$ 30,00. Na fronteira do lado brasileiro tivemos que pegar uma fila de meia hora para pegar o visto de saída do Brasil, chamou nossa atenção alguns soldados, de boinas vermelhas, muito bem aramados, com toda uma parafernália de equipamentos. Os carros e os transeuntes que passam pela fronteira, não são revistados (caminho de muitas drogas e armas para o território brasileiro). Caminhos cerca de uns 40 metros ate a fronteira boliviana, onde esperamos por cerca de mais 1 hora em uma fila para entrarmos em um escritório muito quente, com mais vinte que migravam. Recebemos o visto turístico após algumas perguntas como: Com quanto em dinheiro estamos? Para onde íamos? Quanto tempo?... Percebemos que o policial da fronteira faz muito mais perguntas as mulheres (de qualquer idade!), não entendemos o por que (coitada da Erica). Conseguimos um táxi por R$ 10,00 ate a Estação Ferroviária de Porto Quijarro. Isso já eram umas 10 horas, o fuso horário já começou a nos enlouquecer.
Que calor. Sentíamos os miolos a queimar. Estava muito abafado que dificultava nossa respiração. Conseguimos passagem para o trem das 16 horas. Novamente teríamos que enrolar por cerca de 8 horas.
Conseguimos cambiar com algumas pessoas ao redor da rodoviária, descobrimos posteriormente de um mercador próximo oferecia valores melhores para a convenção das moedas. O Felipe recebeu de volta uma nota de R$ 20,00 que tentou trocar pois esta estava com um pequeno corte em sua beirada (??).
Ao caminhar pela rua de frente a estação, encontramos algumas pousadas e restaurantes.
Ao caminharmos pelas ruas paralelas, vimos muita pobreza. Parecia a 25 de marco, lotada de camelos, vendendo roupas, utensílios, frutas... pequenas vendas por toda a parte. Em sua maioria estas tinham poucas mercadorias. Várias fazem espetinhos de churrasco (mistos e bem caprichados) com um acompanhamento de arroz com salada por R$ 3,50, somente eu me arrisquei a comer. Logo em seguida encontramos um “açougue” (era uma venda que também vendia carne) o que me fez arrepender-me de ter comido aquele espetinho. A carne ficava exposta pendurada por ganchos sobre em balcão de madeira, sem refrigeração e coberta de moscas. No chão da calcada estavam expostas quatro pernas de vacas, empilhadas e sangrando. Encontramos um restaurante que servia um yakisoba (na verdade um macarrão meio cru com shoyo, acompanhado com carne ou frango, depois do açougue, quase todos optaram pelo frango). Pedimos uma cerveja que não apreciamos muito, aguada.
Ao retornarmos a estação, alguns preferiram ir a lan house para mandar alguns e-mails e outros preferiram fugir do calor em busca de alguma sombra. A Fernanda ao retornar a estação percebeu que esqueceu a câmera fotográfica ao lado do computador, o André e esta correram para a lan house, mas a câmera já tinha criado asas. Ficou muito triste. No caminho encontrou um amigo, Mota, que fizemos na fronteira que retornava do Brasil. Ao ouvir a historia da câmera, ficou comovido, resolveu emprestar sua câmera pessoal para que essa postasse por sedex posteriormente ao retornar a Bragança. Uma atitude mutcho loka de desapego e confiança.
Já se davam 16 horas e embarcamos no trem, muito confortável, maravilhoso o ar condicionado (ufa, que alivio sentimos do calorão). As poltronas são reclináveis, muito cômodas. Cada vagão tem duas televisões que passam vários filmes (legendados em espanhol, adorei isso, esperar o que estando na Bolívia, rs). O vagao restaurante também e muito confortável, todos atendem muito bem. Conhecemos dois amigos que estão viajando juntos (Iago e Jangol) e estes decidiram juntarem-se ao nosso grupo para seguir viagem conosco. Em cada um dos 9 vagoes, vamos fazendo novas amizades. Nas paradas algumas crianças entram no trem oferecendo tamarindo e pratos de arroz com banana doce. Comemos uma fruta diferente, que nenhum de nos esta lembrando o nome da danada, mas e parecida com uma ameixa, mas muito mais deliciosa.
Enquanto escrevo estas linhas, todos os outros já estão dormindo. O Marcelo esta dando uns roncos tão profundos que não sei ao certo se o computador esta tremendo por causa do movimento do trem ou da aspiração de seus roncos. O Roberto esta enrolado no saco de dormir, com um boné na cabeça, com a boca aberta, com uma baba esverdeada a escorrer pelo canto da boca. A Erica esta toda embrulhada no saco de dormir, não da nem para ver o rosto da japinha, vou dar uma olhada para ver se não morreu de asfixia. O Felipe já bodiou no sono há muito tempo. A Fé esta abraçada com o André, mas o André que esta usando o ombro da Fernanda como travesseiro para dormir. Já o Ed estava falando dormindo e acordou assustado. Vou chupar mais uma manga e tentar dormir, acho que chegou minha vez.
Obrigado Senhor pelo maravilhoso dia que nos concedeu...
Obs.: Ainda não encontramos nenhum argentino, mas corintiano é o que não falta ;)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

CRÔNICAS RODRIGUEANAS

21 e 22 - XII – 2010 d. C.
Bragança  Campinas  Campo Grande

Namastê!
Na ânsia da viagem, o sono se afastou. Até que cada um da sua forma buscou o consolo no abençoar a deusa noite. Um tomando uma brega no Trairagem, um namorando, outro ao assistir a merda da TV, outro fumando para Lua ...
(uivamos juntos)
Ao amanhecer nos encontramos para nos regar com um bom café e um bolo de fubá com erva que era doce.
No caminho para o aeroporto pensamos que já estávamos no avião, o motorista decolava, todos colocaram os cintos de segurança com o cagaço de bater mais cedo na porta do céu.
No aeroporto, fila para o checkin, fila para o embarque, fila para a cafeteria, fila para o banheiro, fila para entrar no avião... uma caos só.
Antes de embarcamos, tomamos num posto de gasolina, próximo ao aeroporto, nossa primeira breja. Nisso o Roberto desenrola uma faixa que trouxe do colégio objetivo, com os dizeres: “Professores nas alturas. Colégio Objetivo”. Deixou o violão em casa para trazer essa porra de faixa? (Luizão dá um aumento pro cara).
Bom mesmo, foi o temor do Robertão, que por medo de avião pegou na mão do Marcelão, foi a primeira vez que vimos o Roberto em silêncio durante uma hora e meia. Olhei para a poltrona, duas fileiras a minha frente e vi o Roberto rezando, se cagando de medo. Quando o piloto pediu: “Senhores passageiros mantenham os cintos apertados, pois estaremos passando por uma região de turbulência”. Quase morremos de rir ao ver o Roberto tremendo, apertando os braços da poltrona e clamando aos deuses e ao diabo. Após nossa passagem pela empresa aérea, acho que esta vai mudar de Azul para Marrom, pois o Roberto se borrou todo.
Já em Campo Grande, com chuva, atrasamos nossos relógios em uma hora, resolvemos ir de ônibus para a rodoviária. Bizarro, tivemos que pegar três ônibus, demoramos mais tempo andando de ônibus que viajando de avião. Na mudança de ônibus, o Roberto salta no primeiro ônibus que vê, lotado não dava para todos irmos juntos. Nisso a porta do ônibus se fecha e esse começa a andar com o Roberto meio para dentro, com a metade da mochila para fora. Começou a gritar com o motorista: “Motorista, caralho, para essa merda, estou preso”. Ao saltar todos da estação estavam rindo. O Roberto sem saber bem o que fazer, começou a brigar com a gente.
Entre os passageiros que se encontravam no terminal urbano, uma nos chamou muito a atenção, uma senhora com idade avançada (já fazendo hora extra aqui na terra) usava um vestido todo florido, com um chapéu de palha, carregando algumas sacolas com compras e flores penduradas. A Fernanda logo fez amizade com a senhora que estava seguindo na mesma direção que a nossa. Como estavamos fazendo muita bagunça no terminal urbano, essa senhora tentava nos recomendar ônibus diferentes ao qual seguia. Um dos ônibus que parou não abriu a porta para a senhora entrar, essa indignada começou a xingar o motorista: “Seu filho de uma rapariga, abre logo este diacho”. Quando esta finalmente conseguiu embarcar no ônibus, desejamos a ela boa viagem e recebemos como resposta: “Boa viagem pro ceis que estão indo pros quintos...”. Todas da estação riram da situação inusitada.
Ao chegarmos na estação rodoviária, la pelas 16 horas, tentamos trocar nossas passagens para adiantar o horário de partida, sem êxito tivemos que esperar ate as 23:45. Na rodoviária so tinha uma lanchonete com uma fila muito grande, encontramos próximo a rodoviária um barzinho copo sujo em que finalmente pudemos sentar para tomar umas brejas e comer um prato feito. Não sabemos bem se o rango estava bom ou se nos estávamos com muita fome, mas deu um bom sustento aos vermes que começavam a chiar de fome.
De volta a rodoviária, tentamos nos acomodar da melhor maneira possível, pelo chão ou nas poucas cadeiras que se encontravam em torno da única tomada da rodoviária, pois queríamos carregar o lap-toop para tentar nos comunicar com as respectivas famílias.
O André recebeu uma bronca do segurança da rodoviária pois estava deitado no chão tentando relaxar um pouco. Não deixamos por menos, resolvemos disfarçar o André de pedinte cego. Colocou um óculos escuros e ficou com um chapéu na mão pedindo dinheiro aos que passavam. Outra bronca: “Você não pode ficar sentado do chão da rodoviária”. O André não deixou por menos: “’E só o senhor me arranjar um banco que eu saio do chão”. E o André continuo sentado no chão.
Como em nosso grupo estamos com três fumantes, o cigarro não demorou a se acabar e para nossa surpresa, não vendiam cigarros na rodoviária. Procuramos na redondeza e encontramos um posto de gasolina, mas nossa empreita foi infrutífera, por lá também não conseguimos suprir o maldito desejo da nicotina que secava nossa boca (Acho que seria um bom momento para decidir para de fumar).
Quando nosso ônibus chegou, todos já não se agüentavam mais, estávamos sem energias, numa canseira embriagante. Não tardou no ônibus para que todos dormissem (O Marcelo ronca muito alto!!!).
Nosso primeiro dia de aventura foi maravilhoso, com todos os problemas e dificuldades enfrentadas, foram pequenos frente a energia maravilhosa desse grupo, todos estão sempre rindo, contando causos e piadas.
Altíssimo, muito obrigado pela maravilhosa jornada que estamos tendo a oportunidade de realizar, por estarmos em segurança e por estarmos MUITO felizes.
Paz profunda.

QUANDO O SONO CHEGA, ATÉ CEGO RECEBE ESMOLA


TODOS CANSADOS A ESPERA DO ÔNIBUS, SOBROU ATÉ PARA UM CEGO NA RODOVIÁRIA

DEPOIS DO AVIÃO, ÒNIBUS




FORAM TRÊS ÔNIBUS DO AEROPORTO ATÉ A RODOVIÁRIA. NÓS ESPERANDO O PRIMEIRO ÔNIBUS.

UM A UM

FOTOS CAMPO GRANDE

INÍCIO



Campinas - Viracopos

Tomando cerveja à espera do avião.

LEMA - O QUE ACONTECER NA BOLÍVIA MORRERÁ NA BOLÍVIA.