sábado, 15 de janeiro de 2011

EU NO CHILE

Acordei cedo, arrumei minhas coisas e parti do hotel sem café da manhã, pois só iniciariam o serviço mais tarde. Peguei um táxi até a rodoviária (3 soles). Minha única visão da cidade foi pela janela de um táxi, e não gostei muito.
            Diferentemente à noite anterior, consegui compreender como deveria proceder para sair do Peru. Decidi por ir de ônibus, mas na fila para comprar o ticket de embarque o preço do táxi havia voltado ao normal (20 soles ou 3000 pesos) e como chegaria mais rápido a Arica (1h, ao invés de 2h de ônibus) me decidi pelo táxi. Cada táxi comporta 5 pessoas mais o motorista. Fui conversando com uma senhora chilena muito gentil, que me foi explicando os preenchimento dos papeis de imigração bem como os procedimentos. Rapidamente chegamos a divisa e não tive os problemas que o Rodrigo e o Felipe tiveram para ultrapassar a fronteira.
            Pela janela do táxi pela primeira vez vi o oceano Pacífico. Pela janela também vi Arica, uma cidade balneário que lembra o litoral sul paulista (Santos, Guarujá, Praia Grande). Diferentemente do Rodrigo, achei a cidade muito bonita e organizada, com ruas amplas e limpas.
Cheguei a rodoviária de Arica, por volta das 9h30 e saí a procura de passagens para Antofogasta. Todas que encontrava eram para o período da tarde, por volta das 16h30. Consegui uma para as 10h30. Havia um lugar no segundo piso por 14.000 pesos. A viagem durará 12h, e como seria longa perguntei se haveria no primeiro piso. Havia, por 20.000 pesos chilenos ou 44 dólares no pela tarifa da empresa de ônibus. Decidi-me pela mais cara. Pela primeira vez nessa viagem me dei o luxo de viajar de leito. Estou cansado e a diferença não é tão grande assim (algo em torno de 15 dólares).
Tentei pagar a passagem com meu cartão de crédito (aqui tarjeta), mas nenhuma das máquinas que lêem o chip estava funcionando (segundo o funcionário da empresa de ônibus, aqui no Chile ainda não é comum a presença de chip nos cartões). Esse contratempo fez com que tivesse que trocar (cambiar) meus últimos soles e mais alguns dólares para pagar a passagem (consegui 490 pesos por dólar. Não sei se é bom, mas era mais que o funcionário da empresa dissera: 470). Depois de pagar a passagem, me sobraram poucos pesos e acabei trocando 50 reais por 4.500 pesos (1 real igual a 180 pesos – achei muito ruim, mas precisava de dinheiro chileno naquele momento).
Pensei que encontraria o Rodrigo e o Felipe na rodoviária, pois o ônibus deles para Santiago partiria às 10h. Não os vi, agora somente no Brasil, quando for buscá-los nos aeroporto.
Após uma hora de viagem, a paisagem continua a mesma, pedras e areia compondo um deserto imenso. Imaginava que passaria a parte da manhã vendo o deserto e um filme com o Matt Dammon (sempre muito mal aproveitado por Hollywood), quando paramos num posto de fiscalização da polícia. Logo após embarcamos, o comissário ou aeromoço rodoviário recolheu nossos documentos. Naquele momento não entendi o porquê, mas após essa parada no posto policial, vi pela janela do ônibus o policial conferindo todas as identidades dos passageiros. Logo um dos policiais entrou no ônibus e pediu que alguns passageiros descessem. Um destes passageiros era um peruano que estava separado de mim pelo corredor do ônibus. Após isso, outro policial entrou no ônibus e nos devolveu nossos documentos. Depois veio um cachorro a procura de drogas. O peruano voltou para o ônibus assim como os outros passageiros que foram convocados pela polícia. Mal entrou e o policial o chamou novamente para sair e não mais voltar. O ônibus seguiu sem ele, e eu aproveite para sentar à janela e aproveitar a imagem (no lado contrário passamos por um desfiladeiro lindíssimo, pena que não dá para tirar uma boa fotografia).
Do lado de fora faz um sol maravilhoso e a vista é magnífica. O Matt Dammon era o mocinho do filme e morreu no final. Gostei de ver alguns bandidos saírem vivos e livres no final. Agora colocaram um filme que não sei se ainda se é de terror ou de terrir. Vou-me é dormir (depois descobri que era o filme Presságio, com o Nicolas Cage).
O ônibus parou em Iquique, cidade litorânea chilena, por volta das 16h. Antes parou em uma pequena cidade no meio do deserto, da qual não me lembro o nome inteiro, apenas dos Pozos. Na praça central as pessoas conversavam sob a sombra das árvores e uma banda tocava na praça (bateria, guitarra, baixo e vocal). A cidade é muito bonita e colorida.
Iquique é uma cidade exprimida entre montanhas de areia e o Oceano Pacífico (enquanto escrevo o mar está ao meu lado, acho que as imagens serão um pouco diferentes agora, não só deserto dos dois lados). Está numa faixa estreita de terra e parece um grande balneário com alguns prédios e muitos condomínios de casas. A rodoviária fica ao lado do cais do porto (descobri que terei o sol e oceano ao meu lado, pois agora trafegamos pela transoceânica (quando o sol estava do outro lado, tinha que ficar com o cobertor, pois o ar-condicionado deixava a temperatura muito baixa) e com o sol ao meu lado ficou muito agradável a temperatura (daqui a pouco vou ficar é vermelho de tanto sol).
A praia estava cheia e é possível perceber que venta muito. Como deve ser uma cidade que vive do turismo, a orla no seu ponto mais movimentado apresenta muitas possibilidades de diversões para os jovens. Me impressionou a pista de skate que é muito grande, e, ao lado, uma pista para bicicross.
De volta a estrada com sol, areia e mar.
Por volta das 19h, novamente fomos parados pela aduana chilena, mas dessa vez todas as malas foram abertas e passadas por uma revista muito mequetrefe, parecia mais um grande teatro; se procuram por algo não será assim que o acharão.
Eu não consigo entender o que eles falam, pois são mais rápidos na articulação das palavras. Também não os vejo gentis como os bolivianos, peruanos e argentinos com que cruzei pela viagem. Parecem pessoas arrogantes que não pedem desculpas e nem por favor.
Vamos para o quarto filme do dia, agora com o Richard Gere, e o terceiro de terror com ficção científica, chama-se Inferno (o anterior chamava-se Skyline, e dormi o filme todo de tão ruim que se mostrava ser).  Uma fato interessante, até o momento todos os filmes não apresentaram um final feliz como fomos acostumados, pois os mocinhos só se deram mal no final do filme. Em dois a civilização humana foi destruída.
Durante a viagem vi muitas pessoas acampadas pelo litoral chileno, no meio de praticamente nada.
Apesar da hora, o sol segue firme no horizonte, devo acompanhá-lo por mais duas ou três horas. Eu ainda continuo espremido entre a montanhas de areia e pedra e o Pacífico.

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