segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

RUMO A SAN PEDRO DO ATACAMA

Antes de apagar notei que o meu lugar era exatamente debaixo do ar-condicionado. Já estava com a sinusite atacada da viagem anterior devido a esse aparelho (o ônibus fica fresquinho nesse calor de louco, mas é perceptível que eles não o limpam com a frequência adequada e ele resseca o ar). Outra coisa os ônibus aqui no Chile são excelentes, e o custo benefício é aceitável.
            Acordei, na primeira parada que o ônibus fez, nem imagino onde me localizava, sei que desceu muita gente, muitos jovens com suas mochilas (isso achei muito legal, o pessoal viaja com as mochilas nas costas, o tempo todo se vê um bando de jovens viajando). Quando saímos dessa parada, só tinha deserto para qualquer lado que se olhasse. Dormi de novo, acordei em Calama.
            Não prestei muita atenção na cidade, mas dessa vez o ônibus esvaziou. Ficou parado por um bom tempo, tempo suficiente para o comissário de bordo recolher todo o lixo, dobrar os cobertores e guardá-los juntamente com os travesseiros e lavar o banheiro. Logo o ônibus encheu novamente. Ao meu lado sentaram-se dois brasileiros, mas nem dei bola. Só que teve um problema. Acredito que tinha os passageiros que embarcaram estavam fazendo uma conexão, logo tinha mais gente do que lugar vago. Adivinha quem ficou de fora: uma brasileira que armou o maior barraco, mais um grupo de pessoas que estava com ela. Demorou um pouco mais tudo se resolveu, um passageiro desistiu de ir naquele momento e os demais foram acomodados no andar de baixo.
            Seguimos viagem e eu aproveitei o banheiro recém limpo para fazer minhas necessidades matinais, ou como aprendi com meus companheiros de viagem: libertar o Mandela. Também troquei de roupa, ficando de bermuda e camiseta, guardando o agasalho. Mas o ônibus estava tão frio, que peguei um cobertor. Dormi.
            Acordei em San Pedro do Atacama, e a cidade era algo totalmente diferente do que poderia imaginar. Uma cidade no meio do deserto, com todas as casas feitas de barro. É muito bonito. Logo que desci do ônibus várias pessoas ofereciam hospedagem. Consegui uma por 7.000 pesos, quarto particular e banheiro coletivo, estava ótimo. Enquanto caminhava até a hospedagem (que não era no centro, mas nada aqui é longe), a moça me informou que não é tão fácil comprar passagens para a Argentina dali, saem sempre dois ônibus por dia, mas as passagens são escassas. Como queria só passar uma noite em San Pedro, logo que me alojei fui a procura de passagem. Descobri que uma empresa só faz o Chile, a outra só tinha passagem para o domingo e ainda era quarta, e a outra teria passagem para sexta por 25.000 pesos ou 50 dólares. Lembrei que muitos passeios que saem de Uyuni acabam deixando passageiros em San Pedro, então decidi procurar uma agência para ver se conseguia ir a Uyuni no dia seguinte e de lá partir para a Argentina, e seria mais barato. Consegui por 20.000 pesos para o dia seguinte. Assim tinha duas opções ir embora no dia seguinte ou na sexta. Decidi-me por ir embora na quinta, pois ainda passaria por outras cidades.
            Além de fechar a viagem para Uyuni, comprei um pacote para a tarde de quarta, um passeio pelo Vale da la Luna, por 6.000 pesos. Assim o dinheiro do ônibus pagaria o passeio e viagem. Pedi ao dono da agência que tentasse comprar para mim a passagem de Uyuni até a divisa com a Argentina. E ele conseguiu para o mesmo dia. Assim chegaria na Argentina com tempo sobrando, sem correria.
            Eu estava muito cansado, com sono, pois só havia dormido no ônibus, mas mesmo assim fui para o passeio. Antes comi um belo salmão com um risoto delicioso. O preço, deixa para lá. San Pedro é uma cidade turística muito cara. Fui para o quarto, tomei um banho e aproveitei para descansar um pouco. O passeio só sairia às 16h, pois o sol só se põe às 21h. Aqui também as tomadas são redondas e como não tinha um adaptador não pude carregar o computador, em o i-pod. Pedi a moça do hotel se havia algum para emprestar-me, mas ela não encontrou. Na praça central da cidade tem wi-fi livre, e eu não poderia, de novo, utilizá-lo. Saí mais cedo para o passeio para poder fazer contato com a Isabel e avisar ao cartão de crédito que estava voltando à Bolívia (já avisara que saíra da Bolívia).  A Isabel me avisou que a casa que moro fora vendida (espero que o novo proprietário não peça a casa e nem aumente tanto o aluguel). Tudo resolvido, hora do passeio (já pensava comigo, se o passeio for chato, durmo no transporte.
            Sentei-me na praça (numa sombra, pois o sol é de rachar) para esperar a saída do passeio. Ao meu lado sentou-se um casal de brasileiros (pela primeira vez puxei conversa com algum brasileiro). Ficamos conversando sobre nossas viagens e sobre como tem brasileiro pelos locais que passamos. Logo o fomos chamados para a excursão e surpresa de dez eram 8 brasileiros, 1 inglesa e 1 irlandês. Bom não tive como não conversar com todos os brasileiros. Dos brasileiros presentes 6 eram paulistanos, um carioca e uma brasiliense que mora em São Paulo. Dos paulistanos dois eram professores do estado (só não sei o time, pois moravam na zona leste e tinham cara de corinthianos). Um pessoal muito legal, mas que tem a mania de achar que o brasileiro é diferente, é divertido. A viagem foi divertida e linda.
            Nosso guia era um cara competente e tranquilo, passeamos muito.
            O Vale de la Luna é uma região onde a água de degelo e o vento moldaram o ambiente. É um passeio delicioso. Terminamos o passeio com o por-do-sol visto do alto de uma pequena montanha (subir pela areia fofa foi cansativo, parecia que nunca chegaríamos ao topo).
            Na volta para o hotel, comprei um adaptador para tomada e, assim, pude carregar o computador, o i-pod e a filmadora. Não dormi muito bem, pois a gripe me incomodava.

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